27 de novembro de 2007

Exoplanetas.... mais uma!

O artigo do Marcelo Gleiser sobre outras terras e, no minimo, didatico. Vejam a seguir.....

Abracos e boa 3a. feira.

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Quantas Terras?, artigo de Marcelo Gleiser


Antes de mais nada, a presença de água parece ser fundamental

Quando pensamos em vida extraterrestre, imaginamos logo seres que, bem ou mal, se parecem conosco: cabeça, olhos, boca, nariz, braços ou tentáculos, enfim, formas humanóides, popularizadas nos filmes de ficção científica.

Esse antropomorfismo dos ETs pressupõe que, nos planetas deles, existam também condições semelhantes às da Terra. O que, então, julgamos ser essencial para o desenvolvimento da vida? Antes de mais nada, a presença de água líquida parece ser fundamental.

Sem ela, fica difícil conceber como é possível que as reações químicas que caracterizam a vida, o metabolismo que transforma alimentos em energia e intenção em ação, possam ocorrer.

Reações em meios sólidos ou cristalinos são mais lentas e limitadas. Fora isso, a água é um solvente universal, extremamente eficiente. Nenhum outro conhecido se compara a ela.

Mais uma coisa: a água tem a maravilhosa propriedade de ser menos densa em estado sólido do que no líquido. Isto é, gelo bóia. Caso não fosse assim, a cada vez que chegasse o inverno, a superfície congelada dos oceanos afundaria. Em alguns anos, os oceanos estariam congelados por inteiro e a temperatura do planeta seria muito baixa.

Ademais, com os oceanos congelados, fica difícil vislumbrar a vida ou mesmo sua origem. Portanto, sem água líquida, mesmo que pouca, mesmo que muito fria ou muito quente, a vida não parece ser possível.

A pergunta óbvia é se existem outros planetas parecidos com a Terra, ao menos com um pouco de água. Começando com o nosso Sistema Solar, vemos que a coisa não é fácil. De todos os planetas e luas (mais de 60 delas!), apenas a Terra e Europa, uma lua de Júpiter, têm água líquida em abundância. Marte tem um pouco, já teve mais há bilhões de anos, mas agora é essencialmente um deserto gelado.

Europa muito possivelmente tem um oceano de água salgada sob uma crosta de gelo de dois quilômetros de espessura. Existem missões planejadas que irão até lá com brocas robóticas para extrair amostras dessa água.

Os outros planetas ou são muito quentes ou simplesmente não têm água -seja ela líquida, sólida ou gasosa. Não em quantidades apreciáveis. E no resto da galáxia? O número de estrelas na Via Láctea é cerca de 100 bilhões.

Na última década, a astronomia respondeu a uma questão que havia séculos intrigava as pessoas: será que existem outros planetas girando em torno de outras estrelas, feito a Terra e seus companheiros que giram em torno do Sol? Hoje sabemos que a resposta é um estrondoso "sim!" Não só existem "exoplanetas", como parece que a maioria absoluta das estrelas tem planetas em órbita a sua volta.

Não podemos dar uma resposta exata, mas estimar que, no mínimo, estrelas em geral têm de um a cinco planetas a sua volta, fora incontáveis luas. Mesmo essa estimativa sendo pessimista, um planeta por estrela, nos dá em torno de 100 bilhões de planetas na nossa galáxia.

E, desses planetas, quantos são como a Terra? Difícil dizer. Mas, no ano que vem, a missão Kepler, da Nasa, vai tentar estimar a fração de planetas do tipo terrestre: com órbitas que permitam a existência de água líquida e com massa semelhante à da Terra.

Mas vamos ser pessimistas e dizer que apenas 1 em 1 bilhão de planetas é parecido com a Terra. Só na nossa galáxia seriam umas cem Terras. Considerando que existem outras 100 bilhões de galáxias pelo Universo afora, cada uma com suas 100 bilhões de estrelas (em média), são 10 trilhões de Terras no Universo. Seria muito estranho que a vida tivesse surgido só aqui. Nesse meio tempo, porém, nos resta apenas aguardar.

Um encerramento de mes

Ontem estive na banca de mestrado de um aluno do IF/USP; Henrique Xavier. Ele falou da tomografia do Universo usando a Radiacao Cosmica de Fundo. Excelente trabalho, bem escrito, bem fundamentado, com todas as contas bem abertas, e com uma visao de aplicacao em cosmologia bastante interessantes.

O complicado dos resultados que ele apresenta e que os numeros nao sao la muito promissores se eles forem usar as medidas da RCF, ja que as amplitudes do que se espera nesse caso sao da ordem de 0,09 microK! Mas outras coisas podem ser feitas, buscando-se observar os efeitos em amplitudes maiores (da ordem de micro K).

Era isso ai... voltando para o efeito SZ!

19 de novembro de 2007

Mais uma sobre o esoterismo científico...


O texto que está no link anexo é de Marcelo Gleiser e saiu na Folha de São Paulo de 12/11/2007. Frequentemente esse tema cai na "roda de discussão" na escola MOPPE, onde minha filha estuda.

O Marcelo abordou uns aspectos interessantes sobre a credilidade de quem apresenta evidências de pseudo-ciência e usa argumentos de autoridade. Não coincidentemente tive que adotar a linha exclusivamente factual, sem argumentos de autoridade, tradicão ou iluminacão num evento de que participei no último dia 15/11, em Curitiba.

Não usar esse tipo de argumentos, mas deter-se exclusivamente nos fatos é algo complicado, quando seus interlocutores não querem ouvir. E quando você pede que eles te exponham aos fatos que tão intensamente defendem, a resposta é tipicamente a mesma: "Você não está espiritualmente preparado".

Quando as pessoas falam de física quântica, espiritismo e "contatos imediatos de terceiro grau" com quase a mesma propriedade com que falam da escalacão da Selecão Brasileira, fico arrepiado e penso... será que elas realmente acham que por silogismos e analogias as idéias místicas de filmes como "O Segredo" e "Quem somos nós" realmente podem se tornar realidade?

Será que elas realmente acham que a intensidade dos campos gerados durante atividades cerebrais meditativas são suficientes para alterar os índices de criminalidade de toda a cidade de New York de forma significativa? Não sou lá um grande fã do Marcelo Gleiser, mas esse texto passou a fazer parte do meu "kit de defesa" contra a pseudo-ciência.